Hoje o tempo não corre.
Ele abre espaço.
Estica o silêncio e deixa a luz entrar pelas frestas, como quem sabe que há algo especial acontecendo.
Não é sobre a idade,
embora ela esteja aqui, sentada no sofá,
tomando café comigo e rindo das minhas manias.
É sobre quem caminhou comigo até aqui.
Sobre quem me deu palavra, abraço, bronca, comida, conselhos bons(e alguns péssimos, mas dados com amor).
É sobre cada “sim” que virou caminho,
e cada “não” que virou sabedoria.
Agradeço pelos amigos que chegam antes do convite,
e pelos que saem sem bater a porta,
mas deixam a saudade acesa.
Agradeço pelas ideias malucas que viraram projetos,
pelos erros que viraram histórias engraçadas,
e pelas vezes em que só consegui sorrir depois de chorar bastante.
Também sou grato aos silêncios.
Aos dias que pareceram nublados demais,
mas escondiam alguma lição enrolada no casaco da paciência.
E já que é aniversário,
permito até que a memória traga aquelas cenas antigas,
em VHS, meio tremidas,
mas que aquecem, porque têm cheiro de casa.
Gratidão por ter tropeçado em pessoas que me levantaram sem me julgar pela queda.
Por ter rido até a barriga doer.
Por ter aprendido a rir mesmo quando doía.
E sim, sou grato até aos dias bagunçados,
aos imprevistos que embaralharam tudo
e fizeram da vida um jogo de peças tortas,
mas incrivelmente nosso.
Se você faz parte disso,
mesmo que tenha aparecido num capítulo só, obrigado.
A sua presença foi parágrafo importante.
Hoje não quero prometer nada,
nem fazer listas, nem planos, nem discursos.
Só quero respirar fundo e dizer:
valeu.
Valeu por cada detalhe que fez sentido,
e por tudo que ainda estou aprendendo a entender.
Valeu por estar aqui, agora,
dividindo esse instante comigo,
que, com sorte, pode até virar memória boa.
E se a vida me permitir,
que venham muitos cafés,
muitas conversas longas,
e muitas razões novas pra agradecer de novo.
Agora me dá licença.
Vou ali buscar um pãozinho. 🍞