Textos
Compaixão: o fio invisível que sustenta tudo
Se a vida fosse um bordado, a compaixão seria aquele fio que quase não aparece no avesso, mas que, se faltar, desmancha tudo.
Ela é discreta. Não faz alarde, não precisa de palco. Mas sem ela, nenhuma ética se sustenta, nenhum respeito dura, e nenhuma sociedade funciona por muito tempo sem rachar no meio.
Compaixão não é piedade nem pena. É presença. É aquele gesto silencioso que diz: "Eu te vejo. E, mesmo sem viver o que você vive, eu reconheço a dor que mora aí."
É engraçado como a gente aprende tanta coisa , fórmula, regra, discurso bonito, mas quase nunca nos ensinam a sentir com o outro. E, no fundo, é isso que molda o mundo: como a gente trata quem erra, quem pensa diferente, quem sente mais ou menos do que a gente.
Porque a ética sem compaixão vira um conjunto de “deveres” que se cumprem só pra manter a aparência. O respeito sem compaixão vira formalidade fria, quase um protocolo de elevador. Já com compaixão... tudo se transforma: a regra ganha alma, o respeito vira cuidado, o convívio floresce.
Não é sobre ser bonzinho. É sobre ser inteiro.
É sobre entender que, mesmo de mapas diferentes, todos estamos atravessando algum deserto.
A compaixão não resolve tudo, mas é ela quem cria espaço pra começar qualquer coisa que realmente importe: um acordo, um abraço, uma escuta, um passo novo.
E talvez a maior revolução não esteja nos grandes feitos, mas na simplicidade de lembrar que, antes de qualquer título, rótulo ou opinião, todo mundo só quer a mesma coisa: ser tratado como gente.
Gente que sente.
Gente que erra.
Gente que, às vezes, só precisa de um pouco de gentileza pra não desabar de vez.
Então que tal isso? Em vez de salvar o mundo, que a gente comece salvando o momento. Com presença, com empatia, com aquele toque sutil da compaixão que, sem fazer barulho, vai tecendo um mundo mais possível.
Marcio Cerbella
Enviado por Marcio Cerbella em 21/07/2025
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