Márcio Cerbella – Inspiração e Estratégia
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A Espiral da Coragem

Cravar os pés no chão enquanto tudo desaba por dentro. Há quem diga que isso é loucura, mas é ali que começa a alquimia secreta da vida exuberante. Ela não nasce dos dias calmos, mas do instante em que a alma, trêmula, decide permanecer. Exuberar-se é florescer com rachaduras, é desabrochar no deserto, é colher luz mesmo quando o céu é chumbo.

 

A dor, essa velha senhora de olhos fundos, não vem para nos quebrar, mas para nos costurar por dentro com fios mais resistentes. Ela chega, e em seu silêncio denso, nos convida a olhar para o espelho sem máscaras. E quando enfim dizemos “sim” à vulnerabilidade, a mágica se instala. Não aquela dos contos de fadas, mas a das marés, das sementes, das espirais douradas que nascem da matemática do universo: Fibonacci sabia, toda beleza cresce a partir do que já foi ferido.

 

E então, algo sussurra: começa. Começa mesmo que doa. Começa mesmo que falte. Começa, e o próximo número virá. Não precisa ver o fim, só o passo seguinte. Um, um, dois… e você percebe que está vivendo, criando, girando num desenho invisível onde cada volta é expansão.

 

A autoestima, nesse palco sagrado, não grita nem exige. Ela dança descalça, serena, sabendo-se suficiente. Ela nasce quando você se escolhe mesmo nos dias em que não se reconhece. Quando abraça suas imperfeições como quem reconhece um velho amigo. E nesse abraço, algo floresce. Algo que o mundo não pode tirar. Porque quem se ama na dor, se ama por inteiro.

 

Mas a vida exuberante não é um jardim secreto só seu. Ela pulsa mesmo, quando escapa de si. É quando você, mesmo ainda aprendendo a andar, estende a mão a outro que tropeça. É quando a lágrima vira rio e atravessa o mundo, tocando outras margens. O altruísmo não é sobre ser forte, é sobre se oferecer mesmo frágil, mesmo em frangalhos. É dizer: “estou aqui”, mesmo sem saber o caminho.

 

E quanto mais você dá, mais você cresce. Assim como a espiral de Fibonacci, quanto mais somamos amor, mais se expande o desenho invisível da existência. Um gesto de cuidado, uma palavra leve, um silêncio que escuta, tudo isso é arquitetura divina. Tudo isso é o ouro que transforma a dor em caminho.

 

Percebe, o girassol não força o sol, apenas o segue. A vida exuberante é assim, não força a felicidade, só a segue com olhos atentos. Mesmo quando tudo diz não, o coração ousa dizer sim. Sim para continuar. Sim para acreditar de novo. Sim para amar com cicatrizes.

 

E quando, enfim, você olha para trás, descobre que a dor foi apenas uma porta e que do outro lado, o que havia não era destruição, mas nascimento. Porque ser exuberante é isso, permitir-se renascer, em espiral, sempre maior, sempre mais belo, sempre mais inteiro.

Marcio Cerbella
Enviado por Marcio Cerbella em 01/06/2025
Alterado em 01/06/2025
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