Reencarnação Segundo Seu Márcio
Dizem por aí, com ar de certeza,
Que a vida é uma e ponto, sem aspereza.
Mas Seu Márcio, rindo com seu olhar,
Diz: “Esse povo precisa é reencarnar!”
Com um café na mão e a alma serena,
Ele olha o mundo como um poema.
“Já vivi tanto que até perdi a conta…
Fui monge, palhaço e vendedor de ponta.”
“Já fui rainha egípcia, juro, sem vaidade!
E uma vez acordei com saudade
De uma vida que nem sei onde foi,
Só sei que a lembrança bateu e doeu, depois.”
Cada existência, diz ele, é um capítulo novo,
Com gente diferente e cenário de povo.
“Tem encarnação que a gente vem pra dançar,
Noutra, vem só pra aprender a escutar.”
Tem vida que vem com gosto de verão,
Outras são chuva, trovão e oração.
Mas todas são escola, festa e missão,
E a alma vai anotando cada lição.
“Já fui criança que não queria crescer,
E velho que só queria esquecer.
Fui tímido, fui bravo, fui dono do mundo,
Mas no fim, todo mundo volta pro fundo.”
Reencarnar, segundo ele, é tipo teatro,
Você troca o figurino, mas mantém o trato.
Volta com uns traços do que foi outrora,
E um monte de chance de fazer melhor agora.
“A alma é teimosa, bicho danado!
Mesmo quando erra, volta animado.
Vai testando, tentando, tropeçando feliz,
Porque no fundo ela sabe o que diz.”
Não é castigo, nem é punição,
É só um ciclo, é renovação.
Tipo aquele aluno que repete de ano,
Mas volta sorrindo, mudando o plano.
“Tem vida que a gente só vem pra brincar,
Noutra, é pra amar, sofrer e curar.
Tem encarnação que é só de passagem,
Pra cruzar com alguém e seguir viagem.”
E ele fala com brilho, com fé no olhar:
“Se for pra voltar, que seja pra amar.
Se for pra sofrer, que ao menos se aprenda,
E se for pra rir, que o riso não prenda!”
Já pensou quantas vezes a gente se vê,
Sem saber que já foi, que já foi você?
E se a saudade bate do nada na rua,
É só a alma dizendo: “Já vivi com essa pessoa, na lua!”
Tem gente que chega e já faz sentido,
Tem lugar que emociona sem ter sido vivido.
E quando isso acontece, Seu Márcio não hesita:
“São memórias da alma, guardadas na fita.”
E no fim da conversa, ele cruza os braços,
Suspira profundo, repassa seus traços.
“Se eu tiver que voltar, quero vir cantando,
Com um violão torto e um riso dançando!”
“Que eu venha palhaço, poeta ou menino,
Mas que nunca me falte um destino.
Porque viver é arte, e morrer é trocar,
De figurino, de nome, mas sempre voltar.”
Então viva com leveza, ele recomenda,
Com alma aberta e a rima que emenda.
Porque se tudo for mesmo continuação,
A melhor bagagem é o bem que se põe em ação.
E se nessa vida você errar demais,
Respira, aprende, e faz outra vez, rapaz!
Pois como diz Seu Márcio, com convicção:
“A alma é eterna. Só muda a encarnação.”
Marcio Cerbella
Enviado por Marcio Cerbella em 04/05/2025
Alterado em 04/05/2025