Terra,
Dirijo-me a ti como quem fala a um espírito adormecido, ainda não desperto para a grandeza que carrega.
Vejo-te, Terra, cheia de homens pequenos, preocupados com o efêmero, ofuscados pela sombra do medo, e esquecidos de que a vida é, acima de tudo, um ato de criação contínua.
Que são as tuas crises? Apenas convites para o renascimento daqueles que ousam caminhar além do abismo.
Que são as tuas dores? Apenas sinais de que ainda pulsa em ti a possibilidade de crescer.
Ensinaram-nos a ser seguidores, a viver para obedecer, para repetir.
Mas eu te pergunto: onde estão os que ousam ser autores de si mesmos
Terra, teus verdadeiros filhos não são aqueles que buscam conforto,
mas os que, com a alma em chamas, constroem novos valores sobre as ruínas dos velhos.
Queres a felicidade? Aprende a criar!
Queres a segurança? Aprende a arriscar!
Queres a liberdade? Aprende a lutar, primeiro contra tua própria covardia.
O sorriso, que tanto te falta, é o estandarte dos fortes.
Aquele que sorri diante do caos, esse já venceu meio mundo.
A grandeza, ó Terra, não é dada: é arrancada no suor dos que ousam ser "fora do normal",
no gesto criativo dos que reinventam a si mesmos a cada aurora.
Que venham as pedras, as crises, as noites sem estrelas: para os que dançam sobre o abismo, até a escuridão é solo fértil.
Acorda, Terra!
Teus novos criadores já marcham. Não para seguir caminhos, mas para desbravar novos mundos dentro e fora de ti.
Com a força de mil martelos e a leveza de mil sonhos,