"Crônicas de um Pó Cósmico"
No palco imenso do espaço sideral,
sem cortinas, sem plateia, sem final,
gira a dança louca das galáxias,
com seus passos de cometas e acrobacias.
A Lua, tão vaidosa, vive a posar,
refletindo luz que não é sua, só pra brilhar.
Enquanto o Sol, com seu calor meio egocêntrico,
torrando tudo, acha que é o centro.
E as estrelas? Ah, coitadas… vivem de explosões!
Morrem jovens, deixam legados, criam constelações.
Algumas piscam só pra confundir a NASA,
ou pra nos lembrar que o mistério é quem manda na casa.
No meio disso, surge a humanidade,
pensando que domina a realidade.
Faz foguete, manda sonda, tira selfie em Marte,
mas tropeça na própria arte de fazer café sem derramar parte.
Constrói teorias, debate gravidade,
mas vive tropeçando na própria vaidade.
Quer medir o tempo, capturar buracos negros,
mas esquece que ainda briga por lugares em ônibus lotados, meio aflitos.
Enquanto isso, o espaço nem aí,
apenas expande, sem fim, sem porquê, na sequência de Fibonacci.
Cria supernovas com a elegância de um artista,
e ri baixinho quando um humano diz: “A física é realista”.
Os planetas fazem fila no sistema solar,
como se fossem numa balada interestelar.
Saturno com seus anéis, todo glamouroso,
e Urano… bom, melhor deixar ele misterioso.
Tem também os eclipses, encontros escondidos,
onde Sol e Lua brincam de namorados tímidos.
E a gravidade? Uma força ciumenta, que não deixa ninguém sair da festa,
agarra tudo com um abraço eterno e sem conversa.
Mas entre tantas maravilhas orbitais,
lá está o ser humano, com sonhos geniais…
Quer mudar o mundo com uma ideia na mão,
mas quase sempre esquece de cuidar da emoção.
A soberba, coitada, veste terno e gravata,
fala bonito, mas esquece que o universo não se perde.
Enquanto a humildade, de chinelo e camiseta,
cria galáxias em guardanapo de lanchonete.
E a criatividade? Essa sim é estrela de verdade!
Dá voltas no tempo, pinta o nada com vontade.
É ela quem transforma pedra em poesia,
ou uma segunda-feira cinza em alegria.
No fim, somos mesmo só poeira estelar,
mas com a chance rara de pensar, sentir, amar.
Somos pequenos, sim, nesse balé espacial,
mas capazes de criar o que nunca existiu, e isso é colossal.
Então, quando olhar pro céu com cara de quem busca sentido,
lembre-se: o Universo não precisa ser entendido.
Ele só quer que você dance também, com leveza e ousadia,
no compasso da dúvida, da beleza… e da fantasia.
Marcio Cerbella
Enviado por Marcio Cerbella em 19/04/2025
Alterado em 19/04/2025